domingo, julho 23, 2017

Florence: Loggia della Signoria


Quando se chega à Loggia della Signoria, o coração de Florença, as esculturas majestosas são tantas que se fica embasbacado. 
Durante séculos, o David do Michelangelo esteve ali ao sol e à chuva. Agora está apenas uma cópia, mas não deixa de ter um impacto incrível.

Contudo, a mim, chamou-me logo a atenção este Perseus com a cabeça cortada da Medusa. Olhando de longe, pensei de imediato: "Só pode ser do Donatello. Escultura densa, escura, bem ao estilo dele."

Mas estava errado. Este Perseus fantástico - para mim, a obra que se destaca mais na Loggia della Signoria - é do Benvenuto Cellini, um dos grandes nomes do Maneirismo.

É sempre assim, quando pensamos que já sabemos algo, levamos com uma lição que nos diz que sabemos muito pouco.
Neste espaço, as obras atravessam séculos de história. Vai-se do Império Romano ao Rocaille. É muito impressionante como um pequeno espaço público pode ter tantas obras de arte originais ali, assim, à espera de serem vistas.

Florença é qualquer coisa...

sábado, julho 22, 2017

Retiro de diários gráficos: Florença, 2018



Ir à cidade berço do Renascimento, onde todos os grandes artistas dos séc. XIV, XV e XVI queriam ir, para fazer um retiro de diários gráficos, pode assemelhar-se ao que David sentiu perante o Golias: um ímpeto confiante que nos move para a frente, mesmo sem medir bem as consequências!

Será muito intenso e desafiador, mas não podia ser de outro modo.
Vou propor novidades nunca antes experimentadas. Preparem-se!

Duas datas à escolha: 
29 de março a 2 de abril de 2018 (para viver as tradições medievais da Páscoa florentina).
ou
4 a 8 de abril de 2018 (com um programa ligeiramente diferente do primeiro)

Os quartos partilhados são triplos.

Entusiasmados?
Inscrevam-se para: linhares.mr@gmail.com



Para saber mais sobre os retiros de diários gráficos: aqui, aqui, aqui e aqui.

domingo, julho 16, 2017

Florence: Fiesole


Fiesole fica na direção oposta do centro de Florença. 
A vista é de horizontes largos, depois de tanto subir.
A catedral, com origens no início do séc. XI, é de uma beleza incrível, com uma luz muito controlada em contraste com zonas de escuridão plena.

Era sexta feira santa. 
Jesus era sepultado num túmulo escuro.
No dia seguinte, os horizontes espirituais da humanidade nunca mais seriam os mesmos...

sexta-feira, julho 14, 2017

O espiritual no desenho em transformação

Quando, ainda em 2010, comecei a pensar no tema da minha tese de mestrado, foi duro encontrar o título, mas sabia o que queria: conciliar o desenho e a oração. 
O primeiro título era outro, talvez mais beato, mas a minha orientadora da tese guiou-me até ao "espiritual no desenho", dadas as pontes mais fáceis de fazer com outros autores.

Contudo, a minha proposta não tinha nada que ver com o que já havia sobre o tema. O meu mote era transformar passagens bíblicas em exercícios de desenho de observação e não se encontrava nada sobre o assunto em lado nenhum. Fui falar com o P. Tolentino Mendonça e tivemos uma das conversas mais bonitas que me lembro. Ofereceu-se para ser meu co-orientador, mas o tempo e a alta ocupação dele não nos permitiram ir avançando juntos. Organizei, então, o primeiro retiro de diários gráficos, em Vila Viçosa, 2011. Era suposto ser só aquele, mas a aventura mostrou-se muito maior do que imaginava...

Agora, sete anos depois, e muitos retiros de diários gráficos organizados, alguns com o P. Nuno Branco sj, chegou-me uma surpresa à caixa de e-mail: um jesuíta e três companheiras vão pegar nos exercícios espirituais e propor que se desenhe a partir deles.

É curioso ver algo que iniciei a ser transformado, a ser pegado por outras pessoas que lhe vêem mérito e dão um novo rumo.

Eu por cá, continuarei a organizar, apenas, retiros de diários gráficos...


quinta-feira, julho 13, 2017

Florence: Duomo


Tenho-me sentido esmagado por várias coisas, ultimamente. 
Burocracia.
Pessoas talentosas.
Cidades maravilhosas.
Arquitectura. Design. Desenho. Filmes.
Pensadores.

Sinto que tudo o que me rodeia é incrível. Cada esquina ou detalhe, até aqueles que ninguém repara. Parece que estamos a atingir um ponto de qualidade tal que não deixa antecipar o que aí vem...

Mas cada vez me sinto mais esmagado pela história da humanidade. O nosso passado. As raízes...
Estar num lugar destes com mais de 500 anos e sentir que já foi pisado e observado por gerações atrás de gerações coloca-me no devido lugar. Remete-me para a minha pequenez e dá-me uma lição de humildade...

Sentei-me e pus-me a desenhar.
Qual David perante Golias.
Qual formiga perante o elefante.
Qual desconhecido perante a cúpula do Brunelleschi.

E levei um murro no estômago. E fui ao tapete...

segunda-feira, julho 10, 2017

Florence: La Specola


O Museu de História Natural de Florença era uma das prioridades na nossa estadia na cidade.
Criado em 1775, foi um dos primeiros do género a abrir na Europa. 
Sabíamos que não estaria muito cheio, pois a massa de turistas dirige-se a 3 centros incontornáveis: Duomo, Uffizi e Accademia. 

É engraçado como na escola, a ciência e os estudos da biologia e geologia ganham tanto protagonismo sobre todas as outras disciplinas. Depois, numa cidade como Florença (e em tantas outras), o museu de história natural está deserto quando comparado com os de Arte.

A minha opção, enquanto desenhava, era escolher alguns dos animais mais estranhos e raros, um por sala. No final, já com o Matias a dormir, sentei-me no chão e desenhei os armários ao fundo.
Deu corpo ao todo. 
Somos assim, precisamos de prateleiras para arrumar assuntos.
Às vezes teimamos em deixá-los lá arrumados, mesmo quando é urgente tirar tudo cá para fora!

sábado, julho 01, 2017

Florence: Palazzo Vecchio



Filas e filas de pessoas esperam a sua vez para entrar nas Galerias Uffizi. 
A observar essa multidão de gente a querer ver arte em abundância, sobretudo da Idade Média e do Renascimento, estão estas esculturas de homenagem aos grandes mestres que trabalharam em Florença. Que loucura deve ter sido viver nessa época. 
Mas pergunto-me, não é também uma agitação viver nesta? 
A História da Humanidade esmaga-me...


A minha querida professora de História da Arte da FBAUL, Maria João Ortigão, disse uma vez na aula algo que nunca mais me esqueci:
No Renascimento, Florença era uma das cidades mais perigosas da Europa. Haviam muitos crimes na rua. Os Médici construíram passagens secretas para correrem menos riscos de vida. E onde estavam os maiores artistas da época (e mais tarde, do mundo)? Ali mesmo! O risco é o que nos dá um lugar na História.

E depois foi mais longe:
O que nos deixou Florença com todo o seu perigo? O Renascimento e um berço de artistas que revolucionaram a Arte
O que nos deixou a Suíça com a sua posição sempre isenta? Chocolates e canivetes.

Não tenho nada contra a Suíça, como é óbvio, mas acho a comparação muito conseguida!
Neste desenho do Palazzo Vecchio, revivi as suas palavras sobre uma Florença cheia de arte nas ruas, onde a cidade museu se impunha com orgulho.

Tenho saudades das aulas dela.
Tenho também saudades de estudar e de aprender com os grandes professores.