terça-feira, abril 22, 2014

Lá de cima e cá de baixo


Este é um dos exercícios que mais gosto de fazer: mapas de rua.

Gosto porque concilia dois tipos de visão: a lá de cima e a cá de baixo. Às vezes, esta ideia é tão difícil de conciliar que a distinguimos por outras palavras: céu e inferno..

Misturar tudo é o que verdadeiramente interessa. Não há assuntos menores e outros maiores. Não há temas para a gaveta e outros para cima da mesa...

Aspirai às coisas do alto, escreveu S. Paulo aos habitantes de Colossos, na Ásia Menor. É interessante esta frase. Só podemos aspirar às coisas lá de cima quando estamos cá em baixo, o que, mais uma vez me diz que o lá de cima e o cá de baixo são como irmãos gémeos...

segunda-feira, abril 21, 2014

Guardador de rebanhos - resultados do sorteio


Eis o resultado do sorteio do livro do Guardador de Rebanhos. A vencedora é a Teresa. 
Teresa: envia-me um email com a morada para te enviar o livro.

Quanto aos outros, não desesperem. O livro anda por aí nas livrarias!

quarta-feira, abril 09, 2014

reta final


A reta final é sempre difícil de percorrer...
Vamos buscar todas as energias para o último sprint...

É aí que estou neste momento. A focar-me monstruosamente na preparação dos últimos detalhes dos dois retiros de diários gráficos que vão acontecer nas próximas duas semanas em Veneza.

Está quase tudo pronto e a meta é já amanhã de manhã no aeroporto de Lisboa!

sexta-feira, março 28, 2014

Piazza della Rotonda - Pantheon


O Panteão de Roma é um edifício verdadeiramente brutal...
Construído inicialmente como templo dedicado a todos os deuses romanos, foi reconstruído pelo imperador Adriano como templo dedicado a todos os deuses.

O meu desenho é reflexo de uma procura pelo menos óbvio. A mancha tenta sugerir uma vista a 3/4 de frente e o lápis tenta representar a lateral, a frente e a parte de trás. Às vezes, com o desenho, é possível mostrar várias vistas, várias camadas, texturas, ambientes...
Era isso que procurava aqui e, embora o resultado final não seja o mais fantástico, a verdade é que desperta em mim todas estas memórias...

quinta-feira, março 20, 2014

Piazza di Spagna


De partida para os Açores. É assim que quero falar deste desenho feito na Piazza di Spagna em Roma.

O desafio era estar 10 minutos no topo da escadaria e desenhar lá de cima. Depois descer para meio e desenhar mais 10 minutos, finalizando em baixo com mais 10 minutos a desenhar a olhar para cima. No final deveria ficar apenas um conjunto, ou seja, as linhas deveriam continuar de uns desenhos para os outros...

O exercício foi proposto por dois antigos alunos meus que já estão na faculdade e que também foram a Roma connosco. A Carolina estuda arquitectura e o Hugo pintura. São pessoas de excelência...

É engraçado que é exactamente assim que vejo tudo a acontecer na minha vida. Olha-se para o conjunto e há uma certa harmonia, embora de perto se percebam as diferenças de todos os momentos vividos. 

É assim que vejo esta viagem aos Açores. Mais um momento que só pode estar ligado a tudo o que tem sido feito. De outra forma seria impossível. Tentarei desenhar ao máximo e contagiar os outros com o desenho, já que me apaixona tanto...

quarta-feira, março 19, 2014

Piazza S. Pietro

              a.C.                  séc. I d.C.            séc. XVI                  séc. XVII                    séc. XXI

"Todas as vezes que        "E realizará       "Deve ajustar           "Não só como            "O que vejo não é
o pintor afirmar             um mau             os seus olhos           se vêem, mas            só o que vejo, mas
imitar as coisas como     quadro."            ao raciocínio           também como           como vejo. É por
as vê, está a errar."                                segundo os              devem ser                 estar em 2014 que
                                                             princípios da           representadas."         vejo Deus a partir
                                                             arte que ensina                                       do desenho. Vejo
                                                             como ver as                                            o sagrado e o pro-
                                                             coisas."                                                  fano nesta praça.
                                                                                                                          Este território é
                                                                                                                          sagrado, mas nunca
                                                                                                                          deixou de ser pro-
"A terra era                    "Deus                "Faça-se luz.            "Foi o primeiro         fano. Antes do
informe e vazia."            movia-se           E a luz foi feita."      dia."                       circo de Nero ele
                                     sobre a                                                                          já cá estava...
                                     superfície das                                                                 ...não há nada mais
                                     águas."                                                                          sagrado do que o
                                                                                                                         profano. É mesmo
                                                                                                                         assim!"

terça-feira, março 18, 2014

Gérard Michel







É isso mesmo: tenho finalmente o livro do Gérard Michel. Que honra tremenda...

É um livro para folhear devagar sob pena de se ter uma overdose de bons desenhos. Não é justo passar rapidamente as páginas só porque são todas tão boas. Há que saber parar para ficar a degustar...

Há desenhos assim, como há também pessoas assim. O Gérard e os desenhos dele são isso mesmo...
O livro pode ser adquirido através deste link.

segunda-feira, março 17, 2014

2ª edição + 1ª edição


Vai sair em breve a 2ª edição do livro Palavras do livro do Desassossego, para a qual o editor me pediu mais ilustrações, no sentido de enriquecer esta segunda edição. Tive a oportunidade de escolher os textos que gostaria de ilustrar, o que foi muito especial...

Um dos que escolhi foi esta frase que está na pág. 39:
"Isto está tudo tão decadente que já nem decadentes há."

A minha ilustração final (que está acima), acabou por não entrar nesta segunda edição...

Saiu entretanto o livro O guardador de rebanhos. Gostei muito de fazer estas ilustrações. Alberto Caeiro coloca-nos a um canto...
Acabei de receber os meus exemplares e gostaria de voltar a sortear um livro às pessoas que visitam o meu blogue. Deixem um comentário se estiverem interessados!


quarta-feira, março 05, 2014

Roma - Museus do Vaticano


Os Museus do Vaticano são tudo aquilo que se possa imaginar... 
Há lá, no entanto, uma capela que tem um íman e atrai toda a gente num corrupio desenfreado para ver os frescos do Miguel Ângelo. E vale a pena, claro, porque é avassaladora a obra dele. Imaginá-lo ali a pintar é algo difícil de compreender...

Mas pelo caminho fica uma das mais emblemáticas esculturas da história da humanidade: o bom pastor, datado do séc. III d.C., trata-se da escultura mais antiga com referências cristãs. Pensar em quem fez a encomenda, onde esteve exposta é também algo difícil de imaginar e compreender...

No final, a bonita escada em caracol não nos deixa sair dos Museus sem a sensação de estarmos a cometer um acto erróneo. Só a escada dá vontade de andar ali como as crianças, a subir e a descer, a observar e comentar todos os detalhes, a deixarmo-nos arrebatar pela constante surpresa...

Enfim... Roma é assim mesmo. Deixa-nos arrebatados...

domingo, fevereiro 16, 2014

4 dias em Roma



De 12 a 15 de fevereiro estive a desenhar em Roma.
Chegámos tarde e estava frio, mas deu tempo para ir fazer desenhos nocturnos ao Castel Sant'Angelo.

domingo, fevereiro 02, 2014

Côte d'Ivoire


Não era suposto publicar aqui desenhos da Costa do Marfim, até porque o livro deverá sair em breve, mas não posso resistir a relacionar 5 desenhos que fiz com 5 vídeos que acabaram de ficar online pela mão do grande Yves Callewaert para a campanha Getinspirit.

O nome do rapaz é Bakayoko (nome da família) Mepono (nome próprio). No vídeo aparece Mepondo e fico na dúvida sobre qual é que está certo, porque era difícil perceber o sotaque.

Este é um rapaz tímido e pouco falador. Observava-nos de longe, sorria e escondia o olhar. Este foi o texto que escrevi depois de o desenhar:


Este era um rapaz que eu não pensava desenhar. Nunca me tinha apercebido dele, tantas eram as crianças de Marandallah. O carro abandonado, por outro lado, já me tinha chamado a atenção, mas não o queria desenhar de forma isolada. Quando se proporcionou este contexto, era impossível deixar escapar. Para mim, este é o triunfo de África sobre o mundo ocidental. Quando penso nas famílias cada vez mais mono descendentes da Europa comparadas com as numerosas africanas, penso no triunfo do homem sobre o que ele produz. Somos sempre mais do que aquilo que fazemos, sempre mais...


Get Inspirit with Bacayoko Mepondo from Inspirit on Vimeo.

sábado, janeiro 25, 2014

Pantógrafo humano



Ao contrário do que se possa pensar, a maioria das vezes são os alunos e as turmas que puxam por nós para os levarmos a experimentar o desenho em territórios onde nunca imaginariam...

sábado, dezembro 14, 2013

prensa ou pressão?


Que vida a nossa! É uma correria todos sabemos.. começamos de manhã e só paramos quando nos deitamos...
No meio de tanta tarefa, poucas são as coisas que ficam devidamente terminadas e bem feitas. 

Quando olho para esta dupla página vejo exactamente isso. 
- Um auto retrato iniciado parado no trânsito por causa de um acidente, mas que se ficou pelo olho porque os bombeiros e a polícia resolveram rapidamente a situação;
- Manchas de cor para preparar desenhos de um outro dia;
- Um cacto que queria muito desenhar até que alguém apareceu para conversar;
- Duas cabaças ainda por terminar;
- E uma prensa ali a voar...

A prensa foi a que me levou mais longe na reflexão. Que objecto pesado ali a pressionar a nossa atenção. Aquele eixo central comanda tudo, pressiona ou alivia. Basta rodá-lo. Por vezes é bom aliviar a pressão, mas, tal como na gravura, sem pressão não há resultado final. Quanto mais pressionamos melhor é a gravura, os contrastes, a definição da tinta. No entanto, se pressionarmos de mais, o desenho pode ficar danificado...
Sem pressão a prensa torna-se um objecto decorativo, algo em potência mas sem uso...

A minha prensa está bem pressionada nestes dias. Estou ansioso pelo alívio da subida...

sexta-feira, dezembro 13, 2013

sorteio desassossegado








Aqui estão os resultados! 
Acabei por sortear dois livros (é o espírito natalício...).

Fred Barreto e Maria João, enviem-me um mail para que vos possa enviar os livros por correio.

Obrigado por participarem neste mini concurso desassossegado! 

quinta-feira, dezembro 12, 2013

2º retiro de diários gráficos: 2014


Porque o primeiro retiro ficou esgotado praticamente numa semana, comecei a levantar a possibilidade de fazer um segundo no fim de semana da Páscoa. Não foi fácil garantir a casa para estes dias, mas eis que tudo se resolveu e abre-se agora a possibilidade deste 2º retiro de diários gráficos em Veneza.

Os temas são misteriosos, eu sei. Vou fazer algo que nunca fiz: desvendar um pouco...

- Como é que os vendilhões do templo se podem relacionar com o desenho? Que limpeza é preciso fazer?

- A César o que é de César implica saber o lugar de cada coisa. No desenho, saber que técnica para cada situação. Se não damos a César o que é de César podemos correr o risco de não conseguir a limpeza necessária...


E mais não posso desvendar!
Que viagem misteriosa esta que coloca as linhas pretas e desenhadas da caneta em confronto com as palavras escritas dos evangelhos... 

Estão abertas as inscrições: linhares.mr@gmail.com

Lugares disponíveis: esgotado

sábado, dezembro 07, 2013

retratos


Há qualquer coisa nos retratos que me faz ter vontade de desenhar todas as pessoas que se cruzam comigo. Aproveitar todos os momentos de pausa e de conversa. É como uma corrida contra o tempo que parece sempre fugir...
Perco tempo para outras coisas que tenho de fazer para poder desenhar pessoas, mas é sempre assim, uma escolha...

Nestes desenhos, o sobrenome é mesmo mera coincidência...

terça-feira, dezembro 03, 2013

Desassossegado fiquei...


Há projectos que nos deixam desassossegados e este é um deles.
Foi há mais de um ano que tudo começou. Ler excertos do livro e tentar (sim, porque criar imagens para palavras do Fernando Pessoa não é mais do que tentar...), ilustrá-las...

Muitos atrasos meus, fruto das reflexões que os textos me obrigavam a fazer, fruto também de conselhos que tinha de pedir a especialistas em Fernando Pessoa e fruto ainda de muitas hesitações que sentia e que me dificultavam a passagem para o papel da intensidade dos textos...

Definitivamente, desassossegado fiquei com a possibilidade de ler e reler estes textos tão poderosos de Bernardo Soares. O sentimento que tenho é simples: como é que é possível falar de algo tão denso e profundo com a simplicidade de Fernando Pessoa? Era mesmo um homem incrível...

Há tantas histórias para contar à volta destas ilustrações, mas fica aqui a da capa. Fiz mais de 10 versões diferentes e esta, curiosamente, foi a primeira. Foi necessário fazer uns pequenos acertos, mas o resultado final é bastante fiel ao original (que está pendurado em casa do Pedro Cabral).  

Recebi hoje os meus 10 exemplares e já os destinei para presentes de Natal. Um para a Helena Marques e outro para a Ana Isabel Santos com quem falei, desabafei e me entusiasmei com o génio do Fernando Pessoa. Gostava de oferecer um como presente de Natal a um dos meus poucos leitores do blogue. Se estiverem interessados escrevam um comentário neste post que farei um sorteio.

Como curiosidade, deixo aqui uma das versões alternativas para a capa.

domingo, novembro 24, 2013

Territórios sagrados em cadernos profanos


No Lumiar, mesmo no meio da cidade de Lisboa, há um lugar muito especial: o mosteiro de Santa Maria das Monjas Dominicanas. Ainda só lá fui três vezes e a quarta será no próximo dia 8 de dezembro para este workshop tão especial que me desafiaram a fazer num dia único. Depois de muito pensar, o tema territórios sagrados em cadernos profanos ganhou forma e uniu todas as ideias que fui tendo para este dia.

O dia será bem preenchido. Começará às 10h e irá até às 18h.
O almoço está incluído e será preparado pela minha querida mãe. 

Por tudo isto e não só, é mesmo um dia a não perder.

Inscrições para o meu email: linhares.mr@gmail.com

O que nos dizem os outros...

São tantas as pessoas que se cruzam na nossa vida que é quase impossível o exercício de memória de nos lembrarmos o que nos costumam dizer.

Na Culturgest, frente a frente está esta tela do Bruno Pacheco e estas fotografias da Helena Almeida. Que relação mais forte e densa esta... o nosso ouvido anda desfocado. Ouvimos, mas não ouvimos. Estamos cada vez mais com memória curta... até para as pessoas que mais gostamos...

quarta-feira, novembro 20, 2013

Sentido em deriva

 Susanne Themlitz

 Armanda Duarte

João Queiroz

Nunca imaginei ficar tão agradecido, nesta altura da minha vida, por poder juntar na minha actividade profissional algumas das coisas que mais gosto: ver arte, desenhar e ajudar os outros a entender a arte, a pensar artisticamente e, claro está, a desenhar.

Tenho vivido dias muito preenchidos e realizados.
Estes desenhos foram feitos durante o workshop que orientei na Culturgest sobre a exposição "Sentido em Deriva" que, diga-se de passagem, é absolutamente fabulosa! 
Com o título de "Obras de arte? Levo-as comigo no diário gráfico", este workshop mostrou-me como as obras entram mesmo na vida das pessoas...
Haveria tanto para dizer sobre estas páginas e as outras que não digitalizei, mas é mesmo assim. Há coisas que ficam só connosco...

sábado, novembro 02, 2013

Retiro de diários gráficos: 2014


Pois é, parece que Itália chama por estes retiros e o próximo vai voltar a ser lá!

Ficaremos hospedados em Vittorio Veneto, na casa dos missionários da Consolata, a meio caminho das montanhas e da incrível cidade de Veneza. 

Desejava muito fazer este retiro ali e eis a oportunidade! 
O tema central é o de sempre: O espiritual no desenho.
A viagem será por Milão, para manter um valor simpático. O preço só não inclui um almoço, que será livre pela Veneza que descobrirem...

As vagas são limitadas, tal como nos anteriores retiros.

Lugares disponíveis: esgotado

Esclarecimentos e inscrições para o meu email: linhares.mr@gmail.com

domingo, outubro 27, 2013

A barriga da baleia


Com a data de anúncio do retiro de diários gráficos de 2014 a aproximar-se, justifica-se trazer para aqui os vídeos que a Patrícia Pedrosa fez em 2013.

Este tema surgiu-me inicialmente numa conversa com o Nuno Branco. O profeta Jonas foi engolido para a barriga de um grande peixe e ficou lá 3 dias e 3 noites... 
Como é que podemos chegar ao desenho a partir daí?

sábado, outubro 26, 2013

Beco de S. Luís da Pena


Às vezes é preciso um grupo para nos obrigar a quebrar as rotinas. E que bom que é ter um grupo de amigos que desenham em cadernos. Além das conversas sempre tão entusiasmantes, o que mais gosto é do silêncio do momento do desenho. Cada um no seu cantinho, mas todos juntos...

Orelhas


No outro dia estava a pensar em como é difícil ter tempo para escutar as pessoas. Andamos todos numa correria e fazemos tudo à pressa. Ouvir é apenas uma dessas coisas...

Engraçado como esta aula de desenho focada nas orelhas dos colegas já não é apenas uma aula. A partir daqui apetece-me resvalar para devaneios sem fim em torno da escuta, do som, do silêncio.

A vida é interessante demais para a nossa compreensão tão acelerada... 

domingo, setembro 08, 2013

Costa do Marfim




Ir a África apenas para desenhar é como um sonho tornado realidade. 
Foi preciso apanhar dois aviões, seis horas de voo, quatro de espera, mais dez horas de viagem em jipe por estradas meio alcatroadas e de terra batida com buracos gigantes...
Mas valeu a pena. Vale sempre!
Queria muito partilhar os desenhos, mas até serem selecionados os que vão entrar no livro (sim, vai sair um livro com os nossos desenhos na Costa do Marfim!), só posso publicar fotografias.

Depois destas viagens regresso sempre com um sentimento de pequenez. O mundo é tão grande e variado. Há tantas pessoas fantásticas a viverem com tão menos que nós que venho sempre pequenino e reduzido à minha insignificância. Espero que os desenhos façam justiça ao que eu e a Ketta vimos, vivemos e sentimos...