sábado, setembro 26, 2015

Alfabeto Lisboeta - técnicas


Como o primeiro Alfabeto Lisboeta correu tão bem, eu, o Zé Louro e a Ketta, andámos a cozinhar nestes meses um segundo alfabeto que trouxesse novidade a quem já desenhou tanto Lisboa e para os que estão ansiosos por começar!

De A a Z, vamos percorrer 26 técnicas de desenho, uma por cada letra. O programa deu luta, mas é mesmo aliciante!

No ano passado conseguimos ter uma das sessões em masterclass com a Marina Grechanik e, dependendo das inscrições deste ano, pretendemos convidar outro formador internacional.

No programa detalhado poderão ver os museus que vamos visitar, os materiais que estão incluídos (entre os quais um caderno Laloran de grande formato como nunca imaginaram!) e os locais de todas as sessões.

Continuamos com dois horários, mas com uma novidade: no Verão as sessões são semanais à quarta feira enquanto no Inverno serão quinzenais aos sábados.

Inscrições, calendário, dúvidas e programa detalhado: linhares.mr@gmail.com

sexta-feira, setembro 25, 2015

Mapa asiático


Aqui está a primeira página do meu diário de viagem. 
Curiosamente, todos os desenhos de Singapura foram feitos no caderno que estava a usar e, mal acabou o Simpósio, iniciei este caderno para começar a viagem. Talvez porque sinta que estive no Simpósio em trabalho, só a partir da viagem para Banguecoque é que começou a minha viagem a 3: eu, a Ketta e o Matias.

Os bilhetes de avião foram sendo acrescentados...

quarta-feira, setembro 23, 2015

Sketch walk Singapore

No último dia do Simpósio houve uma correria à melhor loja de artes de Singapura. O produto mais vendido foi a caneta Hero. Eu e a Ketta, como não podia deixar de ser, também comprámos uma. Com ela na mão, havia que experimentar e arriscar nas páginas do caderno (afinal de contas, é para isso que ele serve). Neste desenho, há como que um sentimento de criança que pega pela primeira vez numa caneta. Ora se rodava e pressionava ou então tentava-se perceber como é que a delicadeza passava para a linha preta. Experiências portanto...

 Tal como aconteceu em Lisboa, o que me parecia absolutamente mais fascinante eram as 400 pessoas vindas do mundo inteiro para desenhar juntas. Não conseguia tirar os olhos delas e toda a paisagem à volta me parecia desfocada. 
Continuei a experimentar a caneta Hero...

Estava uma francesa perto de mim a fazer uma aguarela lindíssima. Uns sentados, outros em pé com cavaletes, outros ainda a tirar fotografias à multidão de urban sketchers ali centrados e concentrados a desenhar.
O simpósio USk é uma experiência única e saímos de lá sempre com a sensação de que para o ano temos de estar lá de novo!

terça-feira, setembro 22, 2015

Shari Blaukopf Singapore watercolors

O trabalho da Shari em aguarela é tão bom que não podia desperdiçar a oportunidade de a ver a trabalhar e aprender com ela.


O primeiro exercício passava por compreender bem as manchas de maior luz, maior sombra e tons intermédios. Primeiro um esboço rápido a lápis e depois só com tons de azul. Muito interessante a forma como ela marca os brancos e como simplifica tudo em três layers de aguarela.


Depois dos estudos, teríamos de nos lançar a uma perspectiva mais complexa e usar as cores. "Começar pelos fundos e terminar nos negros" poderia ser o resumo sintético do workshop dela. No final ainda houve tempo para uns salpicos. Afinal de contas estávamos em Singapura! 

sexta-feira, setembro 18, 2015

Singapura a tinta da china



Depois de um workshop inacreditável com o Kiah Kiean em que nos pediu para expandirmos estendermos o nosso desenho e nos ensinou a fazê-lo, tentar colocar todo esse conhecimento em prática era um desafio brutal...

Situados no último piso do biblioteca pública de Singapura, parecia que o mundo inteiro estava ali à frente para ser desenhado. O Kiah Kiean, por ser canhoto, começa sempre o desenho da direita para a esquerda. Eu, por ser destro, comecei da esquerda para a direita. Devagarinho, a experimentar os materiais imprecisos (paus afiados à navalha) e com uma série de folhas soltas para encher, lá fui preenchendo o espaço em branco.

A liberdade de traço é incrível e fiquei mesmo fã. Vou repetir este processo mais vezes, experimentando diferentes paus e manchas.
Fiz alguns vídeos dele a trabalhar e a preparar os materiais. Deixo aqui este para aguçar o apetite!




Alguns dias depois, eu, a Ketta e o Matias, tínhamos de ir ver e desenhar a famosa Marina Bay de Singapura. A flor de Lótus que é um museu, aquele espécie de barco em cima de três torres, o passadiço, a arquitectura e tudo o mais por trás que ficou por ver e desenhar.
Peguei nas minhas ferramentas novas e, sem saber bem como, lá peguei nas folhas e comecei a desenhar. O tempo passou, fomos jantar, e chegámos já bem noite escura ao hotel...


O Matias dormia profundamente..

quinta-feira, setembro 17, 2015

Simpósio em Singapura


Estou, finalmente, de regresso a Portugal e já com um bocadinho de tempo para digitalizar desenhos.
Queria, há muito tempo, ver a Veronica Lawlor a desenhar e fazer um workshop dela. Quis o destino que isso acontecesse em Singapura. Foi muito desafiante e deu para perceber como é que ela chega a resultados tão inesperados e soltos. 
Sobre o conteúdo do workshop, a Fernanda Lamelas fez um resumo muito bom aqui, pelo que humildemente remeto-o para o blogue dela.



Passado uns dias encontrei a Veronica novamente em Banguecoque. Aí deu para vê-la a trabalhar como ela gosta: folhas soltas, muitos aparos diferentes, lápis de cor, tintas, etc, etc.
Só de a ver a trabalhar deu para aprender mais do que imaginava...

quarta-feira, setembro 02, 2015

Timor

Quase, quase de partida para casa, hoje estive a desenhar nesta praia paradisíaca em Díli.
Comecei com os pés dentro de água (que me dava um pouco acima dos calcanhares) e terminei já com água pelos joelhos...



Claro que o desenho ficou a léguas de distância da qualidade deste local....

sexta-feira, agosto 14, 2015

Rigor e balbúrdia



Quando não há muitos recursos e temos de partilhar materiais, neste caso as tintas e um pincel, há que pensar num momento comunitário de utilização de materiais, mais ou menos lúdico, e outro individual, de maior concentração e rigor.
Os restos de tinta que sobraram de um exercício que a Ketta propôs (por sinal muito bom), serviram para um momento de risos e boa disposição a espalhar e salpicar tinta para cima das páginas do caderno. 
Depois fomos à procura de conchas. Eram precisas três. Uma desenhava-se no dobro do tamanho, outra em metade e a última à mesma escala.
No final, roubávamos as conchas mais bonitas dos outros para enchermos mais a página a próprio gosto. Balbúrdia de novo entre nós e muitas risotas!

No meu caso, o resultado final ficou assim.

domingo, agosto 09, 2015

Jakarta



Jakarta é uma cidade de grandes contrastes. Nós estamos mesmo numa zona bem cheia de movimento de rua, com vendedores de tudo e mais alguma coisa, multidões sempre a caminhar de um lado para o outro, água suja a correr à beira da estrada, motas (muitas), carros, tuk-tuks e muitas casas de construção duvidosa. Curiosamente, a residência onde estamos é bem boa. Limpa e com pessoas simpáticas. Mas o que impressiona mesmo é que, caminhando 10 minutos, entramos numa zona chiquérrima que parece outro país.

Os contrastes são altíssimos nesta cidade!

sexta-feira, agosto 07, 2015

Batiks desenhados








Porque o desenho também se aplica noutros suportes, hoje passei o dia a fazer o meu próprio Batik. Estive lá o dia todo e o tempo voou. Impressionante......

quinta-feira, julho 16, 2015

A outra margem


Depois de muito tempo no mesmo local, é bom retirarmo-nos para a "outra margem", um local diferente que nos ajude a ter uma perspectiva distanciada das nossas rotinas para que o conhecimento microscópico que vamos alimentando todos os dias alargue um pouco os horizontes e se torne macro...

Na próxima semana vou para longe, para o outro lado do planeta. Vamos à terra da Ketta e por lá ficaremos até setembro...

terça-feira, junho 23, 2015

Cézanne e o 70x7



O incontornável Paul Cézanne (1839-1906) procurava insaciavelmente a essência das coisas, por isso, pintava o mesmo assunto várias vezes até à exaustão. O tema era tão simples que quase se podia tornar aborrecido: naturezas mortas, mais especificamente pratos com fruta.

Cruzar esta vontade inesgotável de pintar o mesmo assunto com a resposta dada a Pedro (antes de ser santo e de ser o primeiro Papa) por aquele galileu, filho de um carpinteiro, que falava aramaico e que marcou a história da humanidade, era o grande desafio: 70x7...
Não vou contar agora aqui esta história, nem vou escrever sobre a generosidade de Pedro ao pensar que 7 vezes era já uma imensidão. Setenta vezes sete é que é o grande desafio! Não para fazer contas, mas para não pensar sequer nisso, para não nos caber no entendimento...

Neste exercício, desenhar insistentemente o mesmo assunto, levou-me a entrar e desenhar por dentro o museu do cinema de Turim, sair e desenhá-lo por fora, de vários ângulos, até que, noutro dia, o comecei a ver noutros lados, refletido, fragmentado, distorcido, diferente e, por isso mesmo, menos óbvio...

Acho que é assim mesmo: a primeira visão é mais simplista, tal como as primeiras abordagens do Cézanne, mas depois, com a persistência, temos um vislumbre da essência e começamos aí a sua verdadeira procura!

domingo, junho 07, 2015

Fora da caravana


No retiro de diários gráficos, em Turim, um dos exercícios foi deambular pela cidade, construir o percurso imprevisível que as massas/caravanas não consegue. Como é que o fizemos? Entrando na caravana e saindo assim que nos apercebêssemos que algo faltava, o mais importante. Voltando atrás, deambulando, caminhando, procurando e registando com a lógica inesperada dos dadaístas…


cartografia sonora: Miguel Cordeiro

artigo completo aqui.

sábado, junho 06, 2015

Retiro de diários gráficos | Casa Velha


Em outubro de 2014 reservámos logo na agenda o fim de semana de 3 a 5 de julho de 2015 para o próximo retiro de diários gráficos em Ourém, na Casa Velha da Margarida Alvim.

Esta semana, o P. Nuno Branco e eu reunimos para preparar as entranhas deste retiro que se queria ainda mais desafiante e profundo. Uma viagem de Coimbra a Lisboa e uma manhã inteira a trabalhar juntos foram suficientes para chegarmos ao fumo branco. O próximo retiro de diários gráficos será o primeiro verdadeiramente preparado desde a génese por nós os dois. Preparem-se, porque isto promete...

As inscrições são para: projectocasavelha@gmail.com


Para quem não sabe o que é o retiro de diários gráficos, este artigo na Pastoral da Cultura pode ajudar...

segunda-feira, maio 25, 2015

Arqueologia etnográfica


Cada missionário deve compor um diário desde o dia da sua partida e durante todo o tempo que passa na missão. Este diário deverá conter notícias sobre o seu estado de saúde, as suas impressões da viagem, os seus feitos apostólicos, o progresso da missão à qual foi destinado, os costumes locais, notícias da geografia, etnografia, história natural, etc., e deverá enviá-lo, pelo menos, a cada seis meses ao superior geral.
(Regulamentos Instituto Missionário da Consolata, 1901, p. 34)

E em 1902 partiram os primeiros quatro missionários em direção ao Quénia, enviados pelo fundador José Allamano.
Uma aventura que ainda hoje dura. Em 2013, tive a oportunidade de ler o diário da missão de Marandallah, na Costa do Marfim. Este ano, a assombrosa possibilidade de desenhar alguns dos milhares de objetos que os missionários foram trazendo das missões desde o início do séc. passado. Foi uma impressionante viagem na história, à procura da nossa etnografia pessoal.

Tudo isto no retiro de diários gráficos deste ano, em Turim. 
O próximo já está a ser sonhado...

quarta-feira, maio 06, 2015

o caderno


O caderno é assim mesmo: o local privilegiado para fazer isto tudo sem medo de errar...

sábado, maio 02, 2015

Simpósio em Singapura



Não sei explicar isto de uma maneira melhor:
Participar no maior evento internacional dos Urban Sketchers é semelhante a ter a coragem de limpar a caixa de aguarelas. As cores que já lá estavam misturadas, fruto de todas as experiências passadas, devem ser removidas para darmos lugar à novidade e ao inseguro. 
É sermos como uma esponja que deve absorver tudo ao pormenor. No final, quando a espremermos, logo se vê o que ficou e que passará, inevitavelmente, a ser prática e experiência quotidiana...

quarta-feira, abril 29, 2015

janelas


No outro dia perguntava aos meus alunos se podíamos falar de janelas de modo metafórico...
Uns disseram que sim, mas não conseguiram desenvolver o assunto...
Um deles disse que não. Janelas são janelas, nada mais...

terça-feira, abril 28, 2015

workshop


Escolhi esta página do meu caderno para servir de referência ao workshop que vou orientar no próximo dia 20 de maio, às 19h, em Entrecampos, a convite dos Sorrisos de Lisboa.
Por ser uma das mais experimentais que tenho, sem a preocupação de ter um desenho bonito e acabado, penso que é esse o princípio básico para se começar a usar livremente um caderno: sem preocupações!

| Workshop |
Levar um pouco de Lisboa todos os dias no diário gráfico

Local: Entrecampos (ponto de encontro: início do jardim do Campo Grande)
Data: 20 de maio, quarta feira, das 19h às 21h30
Custo: 15€

Inscrições: sorrisosdelisboa@gmail.com

+ info e descrição detalhada aqui.

segunda-feira, abril 27, 2015

April 25 - freedom revolution


O meu dia da Liberdade foi passado a desenhar com liberdade e sem medo de errar.
Grande foi a lição que guardei: a liberdade sabe tão bem...

terça-feira, abril 21, 2015

aulas...

      O museu Bordalo Pinheiro tem peças de cerâmica              Gosto de começar a falar de aguarela a partir
      incríveis para desenhar. Na semana passada fui                 das cores que temos disponíveis na nossa
      lá com os meus alunos fazer este exercício...                    caixa. Partir das cores primárias, ainda que
                                                                                             não sejam exatamente o amarelo, o cyan e o
                                                                                             magenta, é sempre o que me parece mais acertado
                                                                                             para compreendermos as cores que vamos utilizar.

quarta-feira, abril 15, 2015

Bom feedback


É muito bom quando, de surpresa, vemos o nosso trabalho reconhecido desta forma!

Cliquem na imagem e vejam a partir do minuto 7:53.

terça-feira, abril 14, 2015

Barcelona - extra


Tinha ficado este desenho de fora das publicações, mas ele tem que se lhe diga: com uma média de 17 kms a pé por dia, muitas foram as paragens nos semáforos vermelhos das passadeiras. Só no último dia (talvez por já estar em rotação de desenho elevada) é que comecei a aproveitar esse tempo perdido e a desenhar enquanto esperava o sinal verde. 
A situação era quase anedótica mas, aos poucos, os alunos à minha volta foram tirando os cadernos e acabaram por fazer o mesmo...
... o desenho contagia. É mesmo um facto!

segunda-feira, abril 13, 2015

Composição


A composição que me interessa no desenho não é tanto aquela que ocupa determinado espaço na folha de papel, mas a conceptual, a que nos coloca a pensar...

sexta-feira, abril 10, 2015

Barcelona

(publicado nos urbansketchers.org)


4.º dia 


Nunca pensei levar tantas cotoveladas e empurrões no mercado da Boqueria. Do meu lado esquerdo estava a Mercedes a desenhar a outra parte da banca que depois deveria encaixar (e bater certo) com o meu desenho. Começámos pela mancha procurando definir as zonas de cada fruta. A linha iria dar o pormenor que a mancha não tinha conseguido dar...


Neste dia almocei muito bem mesmo. O Lapin recomendou um mercado que tinha aberto há muito pouco tempo e as tapas que comi serviram para ficar rendido em definitivo à comida catalã!
Logo depois, o Museu Picasso esperava por nós. Estava uma multidão e não era possível entrar de imediato, pelo que me refugiei num recanto...


Lá dentro, como é óbvio, a minha atenção prendeu-se nos desenhos. Deambulei para escolher um. Os da fase mais jovem dele são muito apetecíveis, mas tinha dito a mim mesmo que quando encontrasse um que fizesse o clique, parava e começava a desenhar, mesmo que isso implicasse não ver o resto da exposição. E assim foi. Este desenho dele tem qualquer coisa de especial. A legenda era "o louco", a posição das mãos, genial, e a dedicatória, simplesmente enigmática...

Se estivesse a conversar com o Roland Barthes, diria-lhe que este desenho foi o meu punctus da exposição.